terça-feira, dezembro 05, 2006



O tempo passa, o tempo voa e já estamos quase em 2007, este blog também está próximo de fazer aniversário.
Muitas coisas aconteram desde a última postagem, comigo e com o mundo.
Com o tempo mudamos muito rapidamente, nossas mudanças às vezes passam a ser imperceptivél pra nós e observável aos outros.

O vestido (Adélia Prado )
No armário do meu quarto escondo de tempo e traça meu vestido estampado em fundo preto.
É de seda macia desenhada em campânulas vermelhas à ponta de longas hastes delicadas.
Eu o quis com paixão e o vesti como um rito, meu vestido de amante.
Ficou meu cheiro nele, meu sonho, meu corpo ido.
É só tocá-lo, volatiza-se a memória guardada: eu estou no cinema
e deixo que segurem minha mão.
De tempo e traça meu vestido me guarda.

domingo, outubro 22, 2006


Hoje coloquei para vocês uma música do CD "Baladas de Asfalto e outros Blues" de Zeca Baleiro...

O Silêncio - Zeca Baleiro
Essa noite não tem lua
Eu sei porque vi com meus olhos
Além dos luminosos que não brilham mais
Dorme às escuras a lua
Pra onde vai nosso amor,
Nossa sede?
Há tempos que pergunto isso
Nem mesmo Jesus CristoPendurado na parede
Saberia a resposta
Vem comigo, vem
Já tenho quase tudo que me basta
A flor no pasto
A mesa posta
Minha música e teu calor
Agora só me falta aprender o silêncio.

quarta-feira, outubro 18, 2006

É íncrivel como a justiça e as gravadoras pensam de forma retrógrada, ontem prenderam, aqui no Brasil, 20 pessoas por distribuírem músicas gratuitamente pela internet.
Será que as gravadoras ainda não perceberem que as pessoas que buscam músicas dos artistas não deixam de comprar seus CDs e de ir aos shows? Não entendem que o compartilhamento de músicas ajudam a promover os artistas?
Assim como eu, milhares de pessoas buscam e baixam músicas gratuitamente pela internet, também acredito que dessa forma milhares de pessoas conheceram novos artistas e viraram fãs através de buscas pela internet.
Não só os internautas são beneficiados por esses sites, os artistas também, quer dizer principalmente eles, todos os dias leio matérias sobre cantores anônimos que viraram celebridades através da internet, ou de cantores esquecidos que foram "resgatados" para a fama pela internet.
Acho que ao invés de reprimir o compartilhamento de músicas, as gravadoras devem incentivar e até mesmo facilitar, não adianta dar "murro em ponta de faca", é melhor aliar-se aos "inimigos" do que ser vencido por eles.

sexta-feira, setembro 29, 2006


Depois de muito tempo sem escrever, estou de volta, mesmo estando um pouco chateada...
às vezes a vida nos impõe uma situação chata de suportar, mas irremedível momentaneamente...
são coisas que nos deixam incapazes contra nossa vontade (estou meio confusa, eu sei, mas é uma expressão do tédio e chateação que estou sentindo...)
então, deixa, não quero que meu blog vire um vale de lamúrias...

quinta-feira, setembro 07, 2006


Esta é a letra da música da semana, é de uma jovem banda brasileira...

Toda Luz
Gram
Composição: Sérgio Guilherme Filho/Marco Loschiavo


Todo fim faz-me clarear
Talvez paz, não mais te esperar
Sei que errei, por muito tempo eu te dei
Toda luz...
Todo sim fez-me adorador
Sempre atrás de um beijo,
Um sorriso, um olhar eu estive
Sei que não dá pra ter de volta
O que eu te dei
Toda luz...
Muita luz pra alguém
Que nem queria ficar, mas nem sair...
Bem atrás da casa havia uma
Linda flor, você nem viu...
Todo não, fez-me desvaler
Ir de encontro ao pior de você não
Era justo não
Sei que errei, por muito tempo
Eu te dei
Tanta luz...
Muita luz pra alguém
Que nem queria ficar, mas nem sair...
Bem do lado interior do coração,
Ainda mora um forte afeto por você...
Bem atrás da casa havia uma
Linda flor, você nem viu...

domingo, setembro 03, 2006


Esta música está falando muito pra mim hoje...

Você Pode Ir Na Janela
Gram
Composição: Sérgio Guilherme Filho


Se não vai
Não desvie a minha estrela
Não desloque a linha reta
Você só me fez mudar
Mas depois mudou de mim
Você quer me biografar
Mas não quer saber do fim
Mas se vai
Você pode ir na janela
Pra se amorenar no sol
Que não quer anoitecer
E ao chegar no meu jardim
Mostro as flores que falei
Vai sem duvidar
Mas se ainda faz sentindo, vem
Até se for bem no final
Será mais lindo
Como a canção que um dia fiz
Pra te brindar
Você pode ir na janela
Pra se amorenar no sol
Que não quer anoitecer
E ao chegar no meu jardim
Mostro as flores que falei
Você só me fez mudar
Mas depois mudou de mim

domingo, agosto 27, 2006


Olá pessoal!
Recebi este texto por e-mail e quero compartilhar com vocês, ele me disse tudo que queria ouvir hoje...

Todo o resto
EXISTE O CERTO, O ERRADO E todo o resto”. Esta é uma frase dita pelo ator Daniel Oliveira vivendo Cazuza, em conversa com o pai, numa cena que, a meu ver, resume o espírito do filme dirigido por Sandra Werneck e Walter Carvalho. Aliás, resume a vida. Certo e errado são convenções que se confirmam com meia dúzia de atitudes. Certo é ser gentil, respeitar os mais velhos, seguir uma dieta balanceada, dormir oito horas por dia, lembrar-se dos aniversários, trabalhar, estudar, casar-se e ter filhos, certo é morrer bem velho e com o dever cumprido. Errado é dar calote, rodar de ano, beber demais, fumar, se drogar, não programar um futuro decente, dar saltos sem rede. Todo mundo de acordo? Todo mundo teoricamente de acordo, porém a vida não é feita de teorias. E o resto? E tudo aquilo que a gente mal consegue verbalizar, de tão intenso? Desejos, impulsos, fantasias, emoções. Ora, meia dúzia de normas preestabelecidas não dão conta do recado. Impossível enquadrar o que lateja, o que arde, o que grita dentro de nós. Somos maduros e ao mesmo tempo infantis, por trás do nosso autocontrole há um desespero infernal. Possuímos uma criatividade insuspeita: inventamos músicas, amores e problemas, e somos curiosos, queremos espiar pelo buraco da fechadura do mundo para descobrir o que não nos contaram. Todo o resto. O amor é certo, o ódio é errado e o resto é uma montanha de outros sentimentos, uma solidão gigantesca, muita confusão, desassossego, saudades cortantes, necessidade de afeto e urgências sexuais que não se adaptam às regras do bom comportamento. Há bilhetes guardados no fundo das gavetas que contariam outra versão da nossa história, caso viessem a público. Todo o resto é o que nos assombra: as escolhas não feitas, os beijos não dados, as decisões não tomadas, os mandamentos a que não obedecemos, ou a que obedecemos bem demais — a troco de que fomos tão bonzinhos? Há o certo, o errado e aquilo que nos dá medo, que nos atrai, que nos sufoca, que nos entorpece. O certo é ser magro, bonito, rico e educado, o errado é ser gordo, feio, pobre e analfabeto, e o resto nada tem a ver com estes reducionismos: é nossa fome por idéias novas, é nosso rosto que se transforma com o tempo, são nossas cicatrizes de estimação, nossos erros e desilusões. Todo o resto é muito mais vasto. É nossa porra-louquice, nossa ausência de certezas, nossos silêncios inquisidores, a pureza e a inocência que se mantêm vivas dentro de nós mas que ninguém percebe, só porque crescemos. A maturidade é um álibi frágil. Seguimos com uma alma de criança que finge saber direitinho tudo o que deve ser feito, mas que no fundo entende muito pouco sobre as engrenagens do mundo. Todo o resto é tudo que ninguém aplaude e ninguém vaia, porque ninguém vê.

Espero que tenham gostado...

terça-feira, agosto 22, 2006


Este é um soneto de Florbela Espanca, uma mulher que expressava como ninguém seus sentimentos através das palavras...


Volúpia
No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frémito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!
A sombra entre a mentira e a verdade...
A núvem que arrastou o vento norte...
--- Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!
Trago dálias vermelhas no regaço...
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!
E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças...

quarta-feira, agosto 09, 2006

Clique aqui para fazer o download!

Resolvi fazer algumas inovações no blog, visitei outros blogs e vi alguns especializados em músicas disponibilizando álbuns raros para os visitantes, então seguindo esta linha também pretendo disponibilizar alguns músicas para vocês baixarem, porém não quero transformar meu blog em um blog especificamente musical, continuarei com minha proposta inicial de literatura e dicas de livros.
Pra começo de conversa deixarei aqui o álbum "Eu me transformo em outras" de Zélia Duncan, neste CD ela faz um resgate de suas influências musicais, são arranjos belíssimos, interpretado magistralmente por ela. (Se você quiser mais informações sobre a cantora clique sobre o nome Zélia Duncan e vá direto para o site oficial)

sexta-feira, julho 28, 2006


Ultimamente a coisas andam de uma maneira plácida...
O mar está calmo e de navegação tranquila, pelo menoes consegui tempo para aprender a tricotar e ler um bom livro, coisas que não achava tempo para fazer.
Esta semana comecei a ler "Amar, verbo intransitivo" do escritor modernista brasileiro Mário de Andrade, o enredo trata sobre um senhor burguês que contrata uma governanta alemã para ensinar a arte do amor ao seu filho mais velho. Daí começamos a postular perguntas sobre o que seria o amor? Como alguém ganha a vida ensinando-o?
Porém estas são perguntas superficiais sobre a obra que aprofundasse bem mais isso.
Deixo para vocês um soneto do escritor, para instigar a curiosidade de conhecer sua obra.

Aceitarás o amor como eu o encaro ?...
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.

Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.

Que grandeza... a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições.
O encanto Que nasce das adorações serenas.

terça-feira, julho 18, 2006


Viver, amar, sofrer
E assim caminha a humanidade....

domingo, julho 16, 2006



Vou deixar aqui a letra da música da semana.
É uma música do Cordel do Fogo Encantado, um grupo de música regional pernambucana, esta música faz parte da trilha sonora do filme nacional "Lisbela e o Prisioneiro"

Amor É Filme
Cordel Do Fogo Encantado
Composição: Lirinha
O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica
O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica
Um belo dia a agente acorda e hum...
Um filme passou por a gente e parece que já se anunciou o episódio dois
É quando a gente sente o amor se abuletar na gente tudo acabou bem,
Agora o que vem depois
O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica
É quando as emoções viram luz, e sombras e sons, movimentos
E o mundo todo vira nós dois,
Dois corações bandidos
Enquanto uma canção de amor persegue o sentimento
O Zoom in dá ré e sobem os créditos
O amor é filme e Deus espectador!

quarta-feira, julho 12, 2006

Este é um poema de Manuel Bandeira (para saber mais sobre o poeta clique sobre o nome), um grande poeta modernista, é um tipo de poesia narrativa, uma poesia com enredo e cenas, mas nem toda sua obra é assim.

O Inútil Luar

É noite.
A Lua, ardente e terna,
Verte na solidão sombria
A sua imensa, a sua eterna
Melancolia . . .
Dormem as sombras na alameda
Ao longo do ermo Piabanha.
E dele um ruído vem de seda
Que se amarfanha . . .
No largo, sob os jambolanos,
Procuro a sombra embalsamada.
(Noite, consolo dos humanos! Sombra sagrada!)
Um velho senta-se ao meu lado.
Medita.
Há no seu rosto uma ânsia . . .
Talvez se lembre aqui, coitado!
De sua infância.
Ei-lo que saca de um papel . . .
Dobra-o direito, ajusta as pontas,
E pensativo, a olhar o anel,
Faz umas contas . . .
Com outro moço que se cala,
Fala um de compleição raquítica.
Presto atenção ao que ele fala:
— É de política.
Adiante uma senhora magra,
Em ampla charpa que a modela,
Lembra uma estátua de Tanagra.
E, junto dela,
Outra a entretém, a conversar:
— "Mamãe não avisou se vinha. Se ela vier, mando matar Uma galinha."
E embalde a Lua, ardente e terna,
Verte na solidão sombria
A sua imensa, a sua eterna
Melancolia . . .

sábado, julho 01, 2006


Hoje vou deixar para vocês um poema de Álvaro de Campos, um dos heterônimos do Fernando Pessoa, é um poema existencial, gosto muito desses tipos de poemas, gosto de me sentir tocada pelo poema, o que mais me satisfaz é ler um poema que dialoga comigo e isso sempre acontece quando leio Álvaro de Campos.

Não sei.
Falta-me um sentido, um tacto
Para a vida, para o amor, para a glória...
Para que serve qualquer história,
Ou qualquer facto?
Estou só, só como ninguém ainda esteve,
Oco dentro de mim, sem depois nem antes.
Parece que passam sem ver-me os instantes
Mas passam sem que o seu passo seja leve.
Começo o ler, mas cansa-me o que inda não li.
Quero pensar, mas dói-me o que irei concluir.
O sonho pesa-me antes de o ter.
Sentir
É tudo uma coisa como qualquer coisa que já vi.
Não ser nada, ser uma figura de romance,
Sem vida, sem morte material, uma ideia,
Qualquer coisa que nada tornasse útil ou feia,
Uma sombra num chão irreal, um sonho num transe.
01/03/1917 Álvaro de Campos

domingo, junho 25, 2006


Tenho mania de observar as pessoas, o modo como falam, se vestem, se portam, mas não é observar apenas...
Tento ler as pessoas, assim como leio os livros, imagino que são personagens de um livro que ainda não escrevi...
(É tenho uma mente bem maluca, sim...)
Acho um exercício interessante, só que com alguns incômodos, às vezes ser observado não é muito agradável e a pessoa fecha a cara, ou em outros momentos pensa que você está olhando com segundas intenções...
Mas, aí você disfarça e continua observando, ou armazena o que já observou como dados...
Estou falando isso porque muitas vezes passamos pelas pessoas e não prestamos atenção nelas, agimos tão mecanicamente, parecendo meros robôs, às vezes esquecemos até mesmo de observar as pessoas com quem convivemos, sem ver se ela está bem, se precisa da nossa ajuda...
Talvez quando pararmos mais para observar sejamos um poucos mais comprensíveis com o outro e com nós mesmos.

terça-feira, junho 13, 2006

Vamos todos juntos...


Hoje a Copa do Mundo começa para os brasileiros, não sei se no resto do mundo é assim, mas o Brasil pára quando tem jogo da seleção brasileira, todos com o mesmo pensamento, todos falando sobre a mesma coisa, todos tentando assistir ao mesmo programa.
Infelizmente só lembramos que somos brasileiros quando a seleção canarinho está disputando um campeonato mundial.
De quatro em quatro anos queremos afirmar nossa "superioridade" futebolística para o mundo. Talvez seja como um colega comentou : o brasileiro é um povo tão sofrido que precisa sentir orgulho por alguma coisa que faz de bom. E o futebol é uma dessas coisas que o brasileiro "faz de bom".
Logo após a Copa teremos as eleições presidenciais, o presidente Lula é um dos candidatos, o mais forte aliás, como também o mais "encrencado", o seu mandato está recheado de escândalos e histórias mal resolvidas, mas alguém pensa nisso durante estas semanas de Copa??
Não quero que as pessoas esqueçam da Copa, só quero que elas lembrem que o mundo não é redondo e no formato de uma bola de futebol.

domingo, junho 11, 2006


A vida é um caminho tortuoso, nada é estático e eterno.
Viver e amar caminham de mãos dadas,
Agora estou melhor, tudo voltou ao normal.
E posso dizer que isso serviu para ter a mais absoluta certeza de que TE AMO MUITO!

Mas há a Vida (Clarice Lispector)

Mas há a vida
que é para ser intensamente vivida,
há o amor.
Que tem que ser vivido
até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata.

domingo, junho 04, 2006

Ainda preciso te dizer muitas coisas, mesmo que eu não te convença, preciso dizer que você está presente como o ar, que o caminho vai ficar tão mais doloroso sem você e as estrelas não brilharão com a mesma intensidade, mesmo as vendo com os mesmos olhos, não pensei que fosse doer tanto, achei que ia conseguir suportar, minha parte racional fala isso, mas a emoção busca teu cheiro, teu sorisso, tua voz.
Preciso do teu abraço, preciso da tua mão, preciso de você comigo...
Sem você fico sem metade de mim...
Sei que não mereço mais nenhuma chance, sei que você não quer me magoar, sei que você vai falar que não, sei que você não quer que viremos inimigos, então não vou insistir, mas ainda estou aqui se você quiser voltar.
Te amo!!!

Não me levem a mal, mas se neste momento eu não falasse isso explodiria.

sexta-feira, junho 02, 2006

Desta vez escolhi um música do Zeca Baleiro, um dos poucos músicos atuais que se salvam, ele nasceu no Maranhão e hoje mora no Rio de janeiro, está com um CD novo intitulado Baladas no asfalto e outros Blues. Está é uma música que ele regravou, cantada inicialmente por Gal Costa .

Vapor Barato/Flor da Pele
Zeca Baleiro
Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu não acredito mais em você
Com minhas calças vermelhas
Meu casaco de general
Cheio de anéis
Vou descendo por todas as ruas
E vou tomar aquele velho navio
Eu não preciso de muito dinheiro
Graças a deus
E não me importa, honey
Minha honey baby
Baby, honey baby
Oh, minha honey baby
Baby, honey baby
Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu tô indo embora
Talvez eu volte
Um dia eu volto
Mas eu quero esquecê-la, eu preciso
Oh, minha grande
Ah, minha pequena
Oh, minha grande obsessão
Oh, minha honey babyBaby, honey baby
Oh, minha honey baby
Honey baby, honey baby, ah
Ando tão à flor da pele
Que qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar flor na janela me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser (baby)
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele tem o fogo do juízo final (honey baby)
Um barco sem porto sem rumo sem vela cavalo sem sela
Um bicho solto um cão sem dono um menino um bandido
Às vezes me preservo noutras suicido
Baby, honey baby, baby, baby, baby, baby, baby
Oh, minha honey baby
Honey baby, honey baby
Baby, baby, baby, baby, baby
Ando tão à flor da pele
Que qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar flor na janela me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele tem o fogo do juízo final
Baby, honey baby
Honey baby, baby, baby, baby, baby
Oh, minha honey baby
Honey baby, honey baby
Baby, baby, baby, baby
Ando tão à flor da pele
Que qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar flor na janela me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele tem o fogo do juízo final
Baby

"Não podemos esperar das pessoas mais do que elas podem nos dar"
Tenho que aprender a conviver com esta frase, tenho ser meu próprio amor, só posso esperar de mim a atenção que mereço, o amor que preciso, só eu posso saber e esperar apenas de mim tudo que quero.
De certa forma eu sempre pensei assim, até que a três anos atrás pensei que a vida também podia ser dividida e aprendi a dividir meu amor, minha atenção, minha vida, percebi que a vida não era apenas eu e meus trabalhos, meus estudos, aprendi que a vida podia ser nossa.
Lembro que no começo foi difícil dizer nós, porque não pertencia ao meu cotidiano eu + tu=nós, apenas praticava o eu, daí quando finalmente aprendi a conviver com o nós, me pedem para praticar o eu.
Pode até ser que eu esteja exigindo demais, mas tenho certeza que só faço isso porque no início isso me foi dado, pode parecer criancice querer que os sentimentos não mudem, porque eu sei que eles mudam, o que quero é que falem para onde ele mudou, eu sei o que sinto, mas tenho dúvidas de que seja o mesmo do outro lado.
Amar eu sei que amo, mas não quero amar sozinha...

terça-feira, maio 30, 2006

Hoje me senti transparente e ainda por cima num ônibus lotado, passaei quase a viagem inteira em pé, quase caindo com meus livros nas mãos.
É inacreditável perceber o quanto as pessoas podem ser mal educadas e egoístas. Já não é confortável ficar em pé no ônibus por mais de uma hora e ainda por cima se equilibrando com vários livros nas mãos?!?
Parece que a cada dia a humanidade me decepciona ainda mais.
Mas, como já disse o Gil (quando ainda dizia alguma coisa) : " Andar com fé eu vou, porque a fé não costuma fáia * "
* Essa é transcrição literal da letra, na verdade a grafia certa é falhar.

domingo, maio 28, 2006


Este é um dos poemas do Torquato Neto que mais gosto, tenho muita simpatia por este ilustre poeta marginal.
Cogito
eu sou como eu sou
pronome pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
eu sou como eu sou
agora sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora
eu sou como eu sou
presente desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
eu sou como eu sou
vidente e vivo tranquilamente
todas as horas do fim.

domingo, maio 21, 2006


Desculpa a desatualização do blog, vou tentar deixá-lo mais atualizado!
Quero deixar para vocês hoje um poema do período Barroco brasileiro, durante este período pouco autores podem ser citados, primeiro por ser um período onde o Brasil ainda estava em formação e consequentemente a literatura e segundo por poucas pessoas saberem ler e escrever naquela época.
O poeta é
Gregório de Matos (1633 - 1696), nasceu e viveu na Bahia e morreu no Recife/PE, seus poemas podem ser divididos em : sacros, líricos e satíricos.

À Instabilidade das Cousas do Mundo
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formossura,
Em contínuas tristezas as alegrias
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na luz, falta a firmeza;
Na formosura, não se dê constância:
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
Pois tem qualquer dos bens por natureza,
Firmeza somente na inconstância.

segunda-feira, maio 15, 2006

Hoje cheguei a triste conclusão que o "mundo pirou", sei que muitos vão dizer: Pô, eu já sabia disso!
Eu também sabia, mas depois dos acontecimentos dos últimos dias as esperanças de que algo no meu país pudesse realmente ser recuperável escorreu "por água abaixo".
Os brasileiros devem saber o que estou dizendo, acho que o mundo inteiro sabe, estou falando dos últimos acontecimentos da cidade de São Paulo, que desde quinta-feira pode ser considerada uma terra sem-lei onde o caos impera. Um enredo digno de faroeste.
Como uma cidade do porte de São Paulo pode se tornar refém de marginais?
As respostas são as mais variáveis possíveis : precariedade na educação, desemprego, descaso dos políticos e da sociedade.
O povo marginalizado só é visto quando promove guerra, quando a 'bomba explode" a sociedade vai investigar porque aconteceu o incêndio.
Me sinto envergonhada com tudo isso. Estes acontecimentos só servem para uma coisa : aumentar o preconceito que o mundo tem em relação ao Brasil.
Encerro com um trecho da música do poeta Cazuza entitulada Brasil: Brasil mostra a tua cara quero ver quem paga pra gente ficar assim! Brasil qual é teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim!

quinta-feira, maio 11, 2006


Viver às vezes é a difícil arte de superar crises, escolher caminhos e enveredar por bosques sombrios.
É meio esquisito, mas é assim que me sinto hoje.
Acordei em crise, como sempre , minha vinha vida, minha eterna falta de dinheiro, projetos que quero realizar, mas não consigo.
A tarefa mais difícil do ser humando é virar "gente grande", é tão sacrificado e dolorido, que muitas vezes sinto inveja dos bebês, nessa época somos tão protegidos e cercados de amor que se tivessemos consciência e soubessemos do futuro não teríamos coragem de crescer.
Mas, fazer o que vivendo e crescendo, tropeçando, andando, rindo, chorando...

segunda-feira, maio 01, 2006


Ontem foi o dia do trabalho, muitos ainda não conhecem o que isso, os ricos por opção, os pobres por falta da mesma.
O que escuto no jornal é que há trabalho, mas faltam trabalhadores qualificados.
Será que se dessemos a educação a importância que ela merece este quadro ainda persistiria?
Com certeza não, todos sabem que a base do desenvolvimento de um país é uma educação de qualidade.
Porém, educar um povo é muito perigoso para os "coronéis do poder" porque a partir do momento que o povo detêm o saber, não será mais possível governá-lo.

sexta-feira, abril 28, 2006


Sei que meu espaço anda desatualizado, mas é que meu tempo tem sido curto para tantas coisas.
Hoje deixarei para vocês este belo poema da Cecília Meireles, trata sobre timidez, uma coisa difícil de lidar para quem tem e não sabe como lidar com ela.
Espero que perdoem minha ausência, posso demorar, mas sempre volto!!!
Timidez
Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares e une as terras mais distantes...
- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
- e um dia me acabarei.

terça-feira, abril 25, 2006

A correria tomou conta da minha vida, o relógio é meu inimigo e o meu corpo só pede cama, mas estou muito feliz, parece que as coisas estão tomando um rumo favorável.
é seguindo que não se perde o caminho.
e eu vou indo e deixando aqui alguns rascunhos de pensamento.

quarta-feira, abril 19, 2006


É cada dia mais díficil acreditar nas notícias que ouvimos, são cada vez mais surreais, só que parecerem fragmentos de pesadelos e não de sonhos.
Às vezes escuto esbabacada e a única coisa que consigo pensar é: Como isso pode ser possível??
São políticos sem escrúpulos, assassinos sem punição...etc...
É complicado ser honesto numa sociedade que mostra que cada vez mais isso não compensa, mas não quero desistir de ser, este é meu objetivo, mostrar que apesar de tudo ainda compensa ser honesto.
Não quero continuar sendo um palhaço do circo sem futuro....

quinta-feira, abril 13, 2006

Vou deixar para vocês um poema muito interessante de Elisa Lucinda que nasceu em Vitória, Espírito Santo no dia 2 de fevereiro de 1958 além de poeta é escritora, jornalista e atriz.

Aviso da Lua que Menstrua
Elisa Lucinda
Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas: cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço às vezes parece erva,
parece hera cuidado com essa gente que gera essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia
Barriga cresce, explode humanidades e ainda volta pro lugar
que é o mesmo lugar
mas é outro lugar,
aí é que está: cada palavra dita,
antes de dizer, homem, reflita...
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga é que tô falando na "vera"
conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado ou sem os devidos cortejos...
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a "cidade secreta" a Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
cai na condição de ser displicente diante da própria serpente.
Ela é uma cobra de avental.
Não despreze a meditação doméstica.
É da poeira do cotidiano que a mulher extrai filosofia
cozinhando, costurando
e você chega com a mão no bolso julgando a arte do almoço: Eca!...
Você que não sabe onde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de morder devagar esquece de saber curtir, dividir.
E aí quando quer agredir chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe: VACA é sua mãe.
De leite. Vaca e galinha... ora, não ofende.
Enaltece, elogia: comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite pensando que está agredindo que tá falando palavrão imundo.
Tá, não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!

segunda-feira, abril 10, 2006


Entre o nada podemos viver na eternidade da internet.
Vocês já pensaram em quantas pessoas que estão eternizadas ou podem ficar eternizadas pela internet?
Sei que é um assunto mórbido, porém real.
As informações voam cada vez em uma velocidade maior, temos acesso a blogs, flogs, orkut.
A qualquer momento algo pode nos acontecer e tudo ficar para trás, hoje me dei conta disso, não somos eternos, mas a internet pode se tornar nossa pedra filosofal.
Seus pensamentos, fotos e perfil podem ficar para sempre registrados no mundo virtual.
Que coisa maluca? O mundo gira e ficamos parados no tempo.

sexta-feira, abril 07, 2006



Sou bastante observadora, às vezes me pego observando cenas, ou detalhes como se fosse a primeira vez, é incrível perceber coisas novas numa paisagem cotidiana, ver algo que sempre esteve lá e nunca tinha sido visto.
Uma árvore, uma situação, parece um pouco louco, mas gosto de procurar tranquilidade no silêncio, gosto de fugir do mundo buscando a imaginação e o pensamento livre, é uma forma de ver a vida de uma forma mais leve e não ficar centrada apenas nos meus problemas.
Muitas vezes posso parecer a pessoa mais pessimista do mundo e outras a mais otimista, sou confusa eu confesso, mas qual pessoa não é? Como entender o ser humano ?

terça-feira, abril 04, 2006

Falar sobre todas as coisas do mundo, todos os maus do mundo e mesmo assim continuar falando sobre nada, assim a vida segue com suas mazelas e confusões.
Às vezes entro em crise e me sinto angustiada, tenho a sensação de remar contra a maré e isso cansa muito, a pior sensação é aquela de querer, lutar e não conseguir.
Mas, vamos seguindo, a minha hora vai chegar.....

Deixo aqui esta bela composição interpretada por Elis Regina:

Vecchio Novo
Elis Regina
Composição: Claudio Nucci/Jose Claudio Pereira

Amor sem pé, nem cabeça
Que vive dentro de nós
Explode tão facilmente
E sem mais nos esquece sós
Quantos e tantos presságios
Que por instantes nos faz
Sentir-se forte e moleque
E estranhamente encarar
Um belo poema novo
Vecchio de tanto amor, amar
Vecchio, encanto novo
Sempre aqui onde está
Ah! Se eu pudesse abarcar
A força d´alma vadia
Como um costume leal
Eu até que não brincaria
Como um poema novo
Vecchio de tanto amor, amar
Vecchio, encanto novo
Sempre aqui onde está
Amor sem pé, nem cabeça
Que vive dentro de nós
Explode tão sutilmente
E maroto nos deixa sós, sós

quinta-feira, março 30, 2006

Sobre a música da semana


Esta semana deixo disponível uma das maiores composições da compositora e intérprete brasileira Ângela Rorô.
É aquele tipo de letra que diz tudo que temos vontade de declarar a pessoa amada.
Espero que gostem assim como eu.

Amor, Meu Grande Amor
Angela Rô Rô
Amor, meu grande amor
Não chegue na hora marcada
Assim como as canções como as paixões
E as palavras me veja nos seus olhos
Na minha cara lavada
Me venha sem saber
Se sou fogo ou se sou água
Amor, meu grande amor
Me chegue assim bem de repente
Sem nome ou sobrenome
Sem sentir o que não sente
Que tudo que ofereço
É meu calor, meu endereço
A vida do teu filho
Desde o fim até o começo
Amor, meu grande amor
Só dure o tempo que mereça
E quando me quiser
Que seja de qualquer maneira
Enquanto me tiver
Que eu seja a última e a primeira
E quando eu te encontrar,
meu grande amor
Me reconheça
Amor, meu grande amor
Que eu seja a última e a primeira
E quando eu te encontrar, meu grande amor
Por favor, me reconheça

quarta-feira, março 29, 2006


Os dias estão corridos, mais do que antes, entre as chuvas e os papéis espalhados ainda há uns minutos para digitar palavras insanas e desacorsoadas.
Comecei a comentar sobre o livro da Clarice Lispector " A Cidade Sitiada", falei que o livro se tratava do desenvolvimento da cidade de S. Geraldo, porém eram minhas primeiras impressões, a história passa pela vida da cidade e de Lucrécia Neves e suas aventuras amorosas, uma moça simples, nem feia e nem bonita, sem muita necessidade de pensar que não conhece a si mesma, mas todos a conhecem.
A história desenrola-se na dúvidaque ela sente na escolha de seus pretendentes, sua vida acompanhada e ao mesmo tempo solitária.
Não vou falar tudo, deixo a curiosidade em conhecer mais para vocês procurarem.

domingo, março 26, 2006



Coisa Mais Linda que Existe
Torquato Neto
coisa linda nesse mundo
é sair por um segundo
e te encontrar por aí
pra fazer festa ou comício
com você perto de mim
na cidade em que me perco na praça
em que me resolvo na noite da noite escura
é lindo ter junto ao corpo
ternura de um corpo manso
na noite da noite escura
a coisa mais linda que existe
é ter você perto de mim
o apartamento, o jornal o pensamento, a navalha
a sorte que o vento espalha essa alegria,
o perigo eu quero tudo contigo
com você perto de mim
coisa linda nesse mundo
é sair por um segundo
e te encontrar por aí e ficar
sem compromisso pra fazer festa ou comício
com você perto de mim
a coisa mais linda que existe
é ter você perto de mim
In: TORQUATO NETO. Os últimos dias de paupéria: do lado de dentro. Org. Ana Maria S. de Araújo Duarte e Waly Salomão. 2.ed. rev. e aum. São Paulo: M. Limonad, 1982 NOTA: Música de Gilberto Gil

quinta-feira, março 23, 2006


Às vezes reparamos em coisas tão pequenas e simples, são coisas que sempre estiveram no mesmo lugar , mas por pressa ou desatenção não vemos, ou não queremos ver, uma árvore, o brilho diferente no olhar do seu amigo, sentir que por mais distante que você esteja a amizade é nova e fresca, conversar sobre coisas banais, andar um pouco além do necessário para ouvir o que ele tem a te dizer, compartilhar suas alegrias e frustrações, sentir amizade por alguém é um sentimento tão nobre que nenhuma palavra consegue definir, é maravilhoso amar um amigo e sentir que é amado por ele, ver nos seus olhos o quanto você é importante e especial.

terça-feira, março 21, 2006


Nada melhor para aliviar qualquer mal do ler a Clarice Lispector, ela tem o poder mágico de fazer abstrair e sair do mundo (assim como toda boa literatura).
Ontem comecei a ler " Cidade Sitiada" altamente recomendável.
A história se passa em S. Geraldo no ano de 192.. (é desta forma que está no livro), ela narra a vida de alguns moradores com o olhar que só ela sabe dar.

Duplicidade do tempo
João Cabral de Melo Neto
O níquel, o alumínio, o estanho,
e outros assépticos elementos,
ao fim se corrompem: o tempo
injeta em cada um seu veneno.
A merda, o lixo, o corpo podre,
os humores, vivos dejetos,
não se corrompem mais: o tempo
seca-os ao fim, com mil cautérios.

domingo, março 19, 2006

Estou cansada de dizer que estou bem, estou cansada de ninguém perceber que estou despeçada e ficar instindo em falar comigo, em querer que eu fique fingindo ainda por mais tempo que estou bem.
Quero gritar: EU NÃO ESTOU BEM!
Estou triste, estou despedaçada, estou fracassada, chateada e ninguém olha, ninguém vê que a única coisa que gostaria de ter neste momento é o poder de voltar no tempo, desfazer o que fiz e agora ao invés de me sentir assim estranha e só, poderia estar junto ouvindo sua voz e sentindo seu cheiro.
é isso o que quero, um perdão ou uma máquina do tempo, como não dá para ter uma máquina do tempo no momento acho que o perdão poderia ser o melhor caminho.
também não aguento mais falar sobre este assunto, porém ele não sai da minha cabeça, durmo, acordo e só o que consigo pensar é em como vou fazer daqui pra frente, como vou conseguir ficar sem seus beijos, abraços, sem o seu cheiro e em como conseguirei ser apenas sua amiga com tanto sentimento ainda.
acho que seria mais fácil se o tivesse odiando.
Talvez mais uma chance, sei lá!!! As idéias parecem estar mais atrapalhadas do que antes.
A única certeza que tenho é de que o amo e ainda estou disposta a continuar.

Relicário
Cássia Eller
Composição: Nando Reis

É uma índia com um colar
A tarde linda que não quer se pôr
Dançam as ilhas sobre o mar
Sua cartilha tem o a de que cor
O que está acontecendo
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo
Eu estava em paz quando você chegou
E são dois cílios em pleno ar
Atrás do filho vem o pai e o avô
Como um gatilho sem disparar
Você invade mais um lugar
Onde eu não vou
O que você está fazendo
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo
Um relicário imenso desse amor
Corre a lua, porque longe vai
Sobe o dia tão vertical
O horizonte anuncia com o seu vitral
Que eu trocaria a eternidade por esta noite
Porque está amanhecendo
Peço ao contrário, ver o sol se pôr
Porque está amanhecendo
Se eu não vou beijar seus lábios quando você se for
Quem nesse mundo faz o que há durar
Dura a semente dura o futuro amor
Eu sou a chuva pra você secar
Pelo zunido das suas asas você me falou
O que você está dizendo
Milhões de frases sem nenhuma cor
O que você está dizendo
Um relicário imenso desse amor
O que você está dizendo
O que você está fazendo
Porque que está fazendo assim

sexta-feira, março 17, 2006


Continuo confusa e sem direção,
os espaços estão vazios e a realidade não é crível.
Mas, vamos seguir
Antes dos meus devaneios sobre as palavras e o silêncio a Clarice Lispector já tinha escrito:

Dá-me a Tua Mão

Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.
Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
– nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.

quarta-feira, março 15, 2006


As cores estão apagadas, os pensamentos estão mais confusos que de costume, perdi uma parte importante e agora seu espaço está nulo. Não adianta pedir desculpa, não adianta mais ficar chateada, as palavras saíram num impulso e estes segundos selaram uma realidade cruel.


Se eu fosse apenas... (Cecília Meireles)

Se eu fosse apenas uma rosa,
com que prazer me desfolhava,
já que a vida é tão dolorosa e não te sei dizer mais nada!
Se eu fosse apenas água ou vento,
com que prazer me desfaria,
como em teu próprio pensamento vais desfazendo a minha vida!
Perdoa-me causar-te a mágoa desta humana, amarga demora!
– de ser menos breve do que a água, mais durável que o vento e a rosa...

segunda-feira, março 13, 2006

Ás vezes encontramos pessoas que parecem não fazer parte do mundo, não falo de seres alados, anjos, fadas ou alguma coisa do tipo, mas seres humanos com idéias absurdas, respeito a maneira de pensar de todos e levo em consideração o que me falam, confesso que sou difícil de ser convencida, mesmo assim tento ver as situações por outro ângulo, com outro olhar. Hoje conheci uma pessoa com opiniões absurdas sobre o racismo e no final da conversa ainda senti uma certa homofobia no seu discurso. Talvez um dia ela leia o que estou escrevendo, mas infelizmente pense que não é para ela, porque essas pessoas tem a convicção de que não são racistas ou homofóbicas sem se dar conta de estão impregnadas de conceitos formados e enraizados até o último fio de cabelo.
Negros
Adriana Calcanhotto
Composição: Indisponível
O sol desbota as cores
O sol dá cor aos negros
O sol bate nos cheiros
O sol faz se deslocarem as sombras
A chuva cai sobre os telhados
Sobre as telhas
E dá sentido as goteiras
A chuva faz viverem as poças
E os negros recolhem as roupas
A música dos brancos é negra
A pele dos negros é negra
Os dentes dos negros são brancos
Os brancos são só brancos
Os negros são retintos
Os brancos têm culpa e castigo
E os negros têm os santos
Os negros na cozinha
Os brancos na sala
A valsa na camarinha
A salsa na senzala
A música dos brancos é negra
A pele dos negros é negra
Os dentes dos negros são brancos
Os brancos são só brancos
Os negros são azuis
Os brancos ficam vermelhos
E os negros não
Os negros ficam brancos de medo
Os negros são só negros
Os brancos são troianos
Os negros não são gregos
Os negros não são brancos
Os olhos dos negros são negros
Os olhos dos brancos podem ser negros
Os olhos, os zíperes, os pêlos
Os brancos, os negros e o desejo
A música dos brancos é negra
A pele dos negros é negra
Os dentes dos negros são brancos
A música dos brancos
A música dos pretos
A música da fala
A dança das ancas
O andar das mulatas
"O essa dona caminhando"
A música dos brancos é negra
Os dentes dos negros são brancos
Lanço o meu olhar sobre o Brasil e não entendo nada

sexta-feira, março 10, 2006


Os dias passam numa rapidez descomunal, os minutos numa lentidão arrastada.
Algumas vezes fico com esta impressão estranha.
Estes dias tenho ficado em casa, numa rotina frenética de livros, conversas, TV e computador. Blog, orkut e msn para fuzilar o tempo que teima em não morrer.
Para finalizar este post vou deixar um poema do poeta marginal piauiense
Torquato Neto:

Cogito

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora
eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim.

quarta-feira, março 08, 2006


Hoje é o dia internacional das mulheres, um dia que lembram de parabenizar as mulheres por serem mulheres, um dia que marca a luta por respeito, paridade salarial, tratamento justo.
Apesar de tantos anos de luta ainda não conquistamos o direito de receber um salário equivalente ao dos homens, enfrentamos preconceito e desrespeito.
Enquanto digito estas palavras mulheres são maltratadas e tem sua dignidade violada por companheiros machistas.
Como disse num post anterior muita coisa mudou , mas enquanto a mulher não for vista como uma igual nesta sociedade hipócrita de nada valerá.
Não quero que interpretem estas palavras como um mero discurso feminista, são fatos que são vistos e pouco anunciados, mudar sua própria visão já é um passo para mudar o que está a sua volta.
A palavra é o fato e o silêncio a reflexão que anuncia o fato.

terça-feira, março 07, 2006


Existem dias em que nada parece tão perfeito quanto o olhar de quem você ama, quando temos certeza de que a melhor coisa é sentir seu calor e seu beijo.
Sentir que ele sempre está presente.
É uma declaração açucarada eu sei, mas como o Fernando Pessoa sob o heterônimo de Alváro de Campos mesmo já escreveu:

Todas as cartas de amor são Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras, Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor
É que são Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso Cartas de amor Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente Ridículas.)

21/10/1935 (publicado em acção, nº 41, 6 de Março de 1937

domingo, março 05, 2006



Precisão
(Clarice Lispector)
O que me tranquiliza é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.

quinta-feira, março 02, 2006

Um pouco da história do meu Blog


Estou muito feliz em ver tantos comentários, quando resolvi voltar a ter novamente um blog foi por sentia que precisava voltar a falar para o mundo o que eu pensava.
Tive um outro blog a alguns anos atrás, mas fechei ele por tédio e falta de experiência, daí nunca mais voltei a mexer com isso.
Então este ano no dia que eu completei 23 anos pensei em voltar a ter um blog, foi uma vontade repentina e s partir desse dia estou aqui escrevendo para o mundo ais uma vez.
A minha intenção é deixar um pouquinho de mim neste espaço por isso sempre deixo alguma poesia, letra de música ou comentário sobre um livro que li ou estou lendo. Além disso tem as músicas que também acho uma forma de me conhecer melhor.
O pseudônimo Clarice Orwell é uma homenagem a dois escritores que me abriram "as portas da percepção" plageando o The Doors,
Clarice Lispector e George Orwell, eles foram e são uma referência muito importante para mim, com eles cresci e amadureci, porém não são os únicos a quem devo o meu crescimento intelectual e espiritual.
Deixo aqui o meu agradecimento a todos que passam por este humilde blog, obrigada e espero que curtam este pedacinho da minha vida na internet.

terça-feira, fevereiro 28, 2006



Os confetes e as serpentinas estão no fim, depois de amanhã os pierrôs voltarão a ser pessoas "comuns". Será hora de tirar a máscara e enxergar as cores pastéis da vida real, o luxo que dará lugar ao lixo.
Para encerrar este último dia de festa momesca vou deixar mais um poema do livro Carnaval de Manuel Bandeira.
A CANÇÃO DAS LÁGRIMAS DE PIERROT
I
A sala em espelhos brilha
Com lustres de dez mil velas.
Miríades de rodelas
Multicores - maravilha! - Torvelhinham no ar que alaga
O cloretilo e se toma
Daquele mesclado aroma
De carnes e de bisnaga.
E rodam mais que confete,
Em farândolas quebradas, cabeças desassisadas
Por Colombina ou Pierrete
II
Pierrot entra em salto súbito.
Upa! Que força o levanta?
E enquanto a turba se espanta,
Ei-lo se roja em decúbito.
A tez, antes melancólica, Brilha.
A cara careteia.
Canta.
Toca.
E com tal veia, com tanta paixão diabólica,
Tanta, que se lhe ensangüentam
Os dedos.
Fibra por fibra,
Toda a sua essência vibra
Nas cordas que se arrebentam.
III
Seu alaúde de plátano
Milagre é que não se quebre.
E a sua fronte arde em febre,
Ai dele! e os cuidados matam-no.
Ai dele! e essa alegria,
Aquelas canções, aquele
Surto não é mais, ai dele!
Do que uma imensa ironia.
Fazendo à cantiga louca
Dolorido contracanto,
Por dentro borbulha o pranto
Como outra voz de outra boca:
IV
- "Negaste a pele macia
À minha linda paixão
E irás entregá-la um dia
Aos feios vermes do chão...
"Fiz por ver se te podia Amolecer - e não pude!
Em vão pela noite fria
Devasto o meu alaúde...
"Minha paz, minha alegria, Minha coragem, roubaste-mas...
E hoje a minh'alma sombria
É como um poço de lástimas..."
V
Corre após a amada esquiva.
Procura o precário ensejo
De matar o seu desejo
Numa carícia furtiva.
E encontrando-o Colombina,
Se lhe dá, lesta, socapa,
Em vez de beijo um tapa,
O pobre rosto ilumina-se-lhe!
Ele que estava de rastros,
Pula, e tão alto se eleva,
Como se fosse na treva
Romper a esfera dos astros!...