quinta-feira, março 30, 2006

Sobre a música da semana


Esta semana deixo disponível uma das maiores composições da compositora e intérprete brasileira Ângela Rorô.
É aquele tipo de letra que diz tudo que temos vontade de declarar a pessoa amada.
Espero que gostem assim como eu.

Amor, Meu Grande Amor
Angela Rô Rô
Amor, meu grande amor
Não chegue na hora marcada
Assim como as canções como as paixões
E as palavras me veja nos seus olhos
Na minha cara lavada
Me venha sem saber
Se sou fogo ou se sou água
Amor, meu grande amor
Me chegue assim bem de repente
Sem nome ou sobrenome
Sem sentir o que não sente
Que tudo que ofereço
É meu calor, meu endereço
A vida do teu filho
Desde o fim até o começo
Amor, meu grande amor
Só dure o tempo que mereça
E quando me quiser
Que seja de qualquer maneira
Enquanto me tiver
Que eu seja a última e a primeira
E quando eu te encontrar,
meu grande amor
Me reconheça
Amor, meu grande amor
Que eu seja a última e a primeira
E quando eu te encontrar, meu grande amor
Por favor, me reconheça

quarta-feira, março 29, 2006


Os dias estão corridos, mais do que antes, entre as chuvas e os papéis espalhados ainda há uns minutos para digitar palavras insanas e desacorsoadas.
Comecei a comentar sobre o livro da Clarice Lispector " A Cidade Sitiada", falei que o livro se tratava do desenvolvimento da cidade de S. Geraldo, porém eram minhas primeiras impressões, a história passa pela vida da cidade e de Lucrécia Neves e suas aventuras amorosas, uma moça simples, nem feia e nem bonita, sem muita necessidade de pensar que não conhece a si mesma, mas todos a conhecem.
A história desenrola-se na dúvidaque ela sente na escolha de seus pretendentes, sua vida acompanhada e ao mesmo tempo solitária.
Não vou falar tudo, deixo a curiosidade em conhecer mais para vocês procurarem.

domingo, março 26, 2006



Coisa Mais Linda que Existe
Torquato Neto
coisa linda nesse mundo
é sair por um segundo
e te encontrar por aí
pra fazer festa ou comício
com você perto de mim
na cidade em que me perco na praça
em que me resolvo na noite da noite escura
é lindo ter junto ao corpo
ternura de um corpo manso
na noite da noite escura
a coisa mais linda que existe
é ter você perto de mim
o apartamento, o jornal o pensamento, a navalha
a sorte que o vento espalha essa alegria,
o perigo eu quero tudo contigo
com você perto de mim
coisa linda nesse mundo
é sair por um segundo
e te encontrar por aí e ficar
sem compromisso pra fazer festa ou comício
com você perto de mim
a coisa mais linda que existe
é ter você perto de mim
In: TORQUATO NETO. Os últimos dias de paupéria: do lado de dentro. Org. Ana Maria S. de Araújo Duarte e Waly Salomão. 2.ed. rev. e aum. São Paulo: M. Limonad, 1982 NOTA: Música de Gilberto Gil

quinta-feira, março 23, 2006


Às vezes reparamos em coisas tão pequenas e simples, são coisas que sempre estiveram no mesmo lugar , mas por pressa ou desatenção não vemos, ou não queremos ver, uma árvore, o brilho diferente no olhar do seu amigo, sentir que por mais distante que você esteja a amizade é nova e fresca, conversar sobre coisas banais, andar um pouco além do necessário para ouvir o que ele tem a te dizer, compartilhar suas alegrias e frustrações, sentir amizade por alguém é um sentimento tão nobre que nenhuma palavra consegue definir, é maravilhoso amar um amigo e sentir que é amado por ele, ver nos seus olhos o quanto você é importante e especial.

terça-feira, março 21, 2006


Nada melhor para aliviar qualquer mal do ler a Clarice Lispector, ela tem o poder mágico de fazer abstrair e sair do mundo (assim como toda boa literatura).
Ontem comecei a ler " Cidade Sitiada" altamente recomendável.
A história se passa em S. Geraldo no ano de 192.. (é desta forma que está no livro), ela narra a vida de alguns moradores com o olhar que só ela sabe dar.

Duplicidade do tempo
João Cabral de Melo Neto
O níquel, o alumínio, o estanho,
e outros assépticos elementos,
ao fim se corrompem: o tempo
injeta em cada um seu veneno.
A merda, o lixo, o corpo podre,
os humores, vivos dejetos,
não se corrompem mais: o tempo
seca-os ao fim, com mil cautérios.

domingo, março 19, 2006

Estou cansada de dizer que estou bem, estou cansada de ninguém perceber que estou despeçada e ficar instindo em falar comigo, em querer que eu fique fingindo ainda por mais tempo que estou bem.
Quero gritar: EU NÃO ESTOU BEM!
Estou triste, estou despedaçada, estou fracassada, chateada e ninguém olha, ninguém vê que a única coisa que gostaria de ter neste momento é o poder de voltar no tempo, desfazer o que fiz e agora ao invés de me sentir assim estranha e só, poderia estar junto ouvindo sua voz e sentindo seu cheiro.
é isso o que quero, um perdão ou uma máquina do tempo, como não dá para ter uma máquina do tempo no momento acho que o perdão poderia ser o melhor caminho.
também não aguento mais falar sobre este assunto, porém ele não sai da minha cabeça, durmo, acordo e só o que consigo pensar é em como vou fazer daqui pra frente, como vou conseguir ficar sem seus beijos, abraços, sem o seu cheiro e em como conseguirei ser apenas sua amiga com tanto sentimento ainda.
acho que seria mais fácil se o tivesse odiando.
Talvez mais uma chance, sei lá!!! As idéias parecem estar mais atrapalhadas do que antes.
A única certeza que tenho é de que o amo e ainda estou disposta a continuar.

Relicário
Cássia Eller
Composição: Nando Reis

É uma índia com um colar
A tarde linda que não quer se pôr
Dançam as ilhas sobre o mar
Sua cartilha tem o a de que cor
O que está acontecendo
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo
Eu estava em paz quando você chegou
E são dois cílios em pleno ar
Atrás do filho vem o pai e o avô
Como um gatilho sem disparar
Você invade mais um lugar
Onde eu não vou
O que você está fazendo
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo
Um relicário imenso desse amor
Corre a lua, porque longe vai
Sobe o dia tão vertical
O horizonte anuncia com o seu vitral
Que eu trocaria a eternidade por esta noite
Porque está amanhecendo
Peço ao contrário, ver o sol se pôr
Porque está amanhecendo
Se eu não vou beijar seus lábios quando você se for
Quem nesse mundo faz o que há durar
Dura a semente dura o futuro amor
Eu sou a chuva pra você secar
Pelo zunido das suas asas você me falou
O que você está dizendo
Milhões de frases sem nenhuma cor
O que você está dizendo
Um relicário imenso desse amor
O que você está dizendo
O que você está fazendo
Porque que está fazendo assim

sexta-feira, março 17, 2006


Continuo confusa e sem direção,
os espaços estão vazios e a realidade não é crível.
Mas, vamos seguir
Antes dos meus devaneios sobre as palavras e o silêncio a Clarice Lispector já tinha escrito:

Dá-me a Tua Mão

Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.
Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
– nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.

quarta-feira, março 15, 2006


As cores estão apagadas, os pensamentos estão mais confusos que de costume, perdi uma parte importante e agora seu espaço está nulo. Não adianta pedir desculpa, não adianta mais ficar chateada, as palavras saíram num impulso e estes segundos selaram uma realidade cruel.


Se eu fosse apenas... (Cecília Meireles)

Se eu fosse apenas uma rosa,
com que prazer me desfolhava,
já que a vida é tão dolorosa e não te sei dizer mais nada!
Se eu fosse apenas água ou vento,
com que prazer me desfaria,
como em teu próprio pensamento vais desfazendo a minha vida!
Perdoa-me causar-te a mágoa desta humana, amarga demora!
– de ser menos breve do que a água, mais durável que o vento e a rosa...

segunda-feira, março 13, 2006

Ás vezes encontramos pessoas que parecem não fazer parte do mundo, não falo de seres alados, anjos, fadas ou alguma coisa do tipo, mas seres humanos com idéias absurdas, respeito a maneira de pensar de todos e levo em consideração o que me falam, confesso que sou difícil de ser convencida, mesmo assim tento ver as situações por outro ângulo, com outro olhar. Hoje conheci uma pessoa com opiniões absurdas sobre o racismo e no final da conversa ainda senti uma certa homofobia no seu discurso. Talvez um dia ela leia o que estou escrevendo, mas infelizmente pense que não é para ela, porque essas pessoas tem a convicção de que não são racistas ou homofóbicas sem se dar conta de estão impregnadas de conceitos formados e enraizados até o último fio de cabelo.
Negros
Adriana Calcanhotto
Composição: Indisponível
O sol desbota as cores
O sol dá cor aos negros
O sol bate nos cheiros
O sol faz se deslocarem as sombras
A chuva cai sobre os telhados
Sobre as telhas
E dá sentido as goteiras
A chuva faz viverem as poças
E os negros recolhem as roupas
A música dos brancos é negra
A pele dos negros é negra
Os dentes dos negros são brancos
Os brancos são só brancos
Os negros são retintos
Os brancos têm culpa e castigo
E os negros têm os santos
Os negros na cozinha
Os brancos na sala
A valsa na camarinha
A salsa na senzala
A música dos brancos é negra
A pele dos negros é negra
Os dentes dos negros são brancos
Os brancos são só brancos
Os negros são azuis
Os brancos ficam vermelhos
E os negros não
Os negros ficam brancos de medo
Os negros são só negros
Os brancos são troianos
Os negros não são gregos
Os negros não são brancos
Os olhos dos negros são negros
Os olhos dos brancos podem ser negros
Os olhos, os zíperes, os pêlos
Os brancos, os negros e o desejo
A música dos brancos é negra
A pele dos negros é negra
Os dentes dos negros são brancos
A música dos brancos
A música dos pretos
A música da fala
A dança das ancas
O andar das mulatas
"O essa dona caminhando"
A música dos brancos é negra
Os dentes dos negros são brancos
Lanço o meu olhar sobre o Brasil e não entendo nada

sexta-feira, março 10, 2006


Os dias passam numa rapidez descomunal, os minutos numa lentidão arrastada.
Algumas vezes fico com esta impressão estranha.
Estes dias tenho ficado em casa, numa rotina frenética de livros, conversas, TV e computador. Blog, orkut e msn para fuzilar o tempo que teima em não morrer.
Para finalizar este post vou deixar um poema do poeta marginal piauiense
Torquato Neto:

Cogito

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora
eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim.

quarta-feira, março 08, 2006


Hoje é o dia internacional das mulheres, um dia que lembram de parabenizar as mulheres por serem mulheres, um dia que marca a luta por respeito, paridade salarial, tratamento justo.
Apesar de tantos anos de luta ainda não conquistamos o direito de receber um salário equivalente ao dos homens, enfrentamos preconceito e desrespeito.
Enquanto digito estas palavras mulheres são maltratadas e tem sua dignidade violada por companheiros machistas.
Como disse num post anterior muita coisa mudou , mas enquanto a mulher não for vista como uma igual nesta sociedade hipócrita de nada valerá.
Não quero que interpretem estas palavras como um mero discurso feminista, são fatos que são vistos e pouco anunciados, mudar sua própria visão já é um passo para mudar o que está a sua volta.
A palavra é o fato e o silêncio a reflexão que anuncia o fato.

terça-feira, março 07, 2006


Existem dias em que nada parece tão perfeito quanto o olhar de quem você ama, quando temos certeza de que a melhor coisa é sentir seu calor e seu beijo.
Sentir que ele sempre está presente.
É uma declaração açucarada eu sei, mas como o Fernando Pessoa sob o heterônimo de Alváro de Campos mesmo já escreveu:

Todas as cartas de amor são Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras, Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor
É que são Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso Cartas de amor Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente Ridículas.)

21/10/1935 (publicado em acção, nº 41, 6 de Março de 1937

domingo, março 05, 2006



Precisão
(Clarice Lispector)
O que me tranquiliza é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.

quinta-feira, março 02, 2006

Um pouco da história do meu Blog


Estou muito feliz em ver tantos comentários, quando resolvi voltar a ter novamente um blog foi por sentia que precisava voltar a falar para o mundo o que eu pensava.
Tive um outro blog a alguns anos atrás, mas fechei ele por tédio e falta de experiência, daí nunca mais voltei a mexer com isso.
Então este ano no dia que eu completei 23 anos pensei em voltar a ter um blog, foi uma vontade repentina e s partir desse dia estou aqui escrevendo para o mundo ais uma vez.
A minha intenção é deixar um pouquinho de mim neste espaço por isso sempre deixo alguma poesia, letra de música ou comentário sobre um livro que li ou estou lendo. Além disso tem as músicas que também acho uma forma de me conhecer melhor.
O pseudônimo Clarice Orwell é uma homenagem a dois escritores que me abriram "as portas da percepção" plageando o The Doors,
Clarice Lispector e George Orwell, eles foram e são uma referência muito importante para mim, com eles cresci e amadureci, porém não são os únicos a quem devo o meu crescimento intelectual e espiritual.
Deixo aqui o meu agradecimento a todos que passam por este humilde blog, obrigada e espero que curtam este pedacinho da minha vida na internet.