sábado, julho 01, 2006


Hoje vou deixar para vocês um poema de Álvaro de Campos, um dos heterônimos do Fernando Pessoa, é um poema existencial, gosto muito desses tipos de poemas, gosto de me sentir tocada pelo poema, o que mais me satisfaz é ler um poema que dialoga comigo e isso sempre acontece quando leio Álvaro de Campos.

Não sei.
Falta-me um sentido, um tacto
Para a vida, para o amor, para a glória...
Para que serve qualquer história,
Ou qualquer facto?
Estou só, só como ninguém ainda esteve,
Oco dentro de mim, sem depois nem antes.
Parece que passam sem ver-me os instantes
Mas passam sem que o seu passo seja leve.
Começo o ler, mas cansa-me o que inda não li.
Quero pensar, mas dói-me o que irei concluir.
O sonho pesa-me antes de o ter.
Sentir
É tudo uma coisa como qualquer coisa que já vi.
Não ser nada, ser uma figura de romance,
Sem vida, sem morte material, uma ideia,
Qualquer coisa que nada tornasse útil ou feia,
Uma sombra num chão irreal, um sonho num transe.
01/03/1917 Álvaro de Campos

2 comentários:

SurOeste disse...

Olà Clarice!
CAnto tempo sem nos visitar, mas pelo que se ve as duas dando guerra ainda.
No mes de maio fez um seminário de literatura brasileira desde a perspectiva do campo literário e a que nao sabes que me mandaram ler? AS vedetes de Cassandra Rios. Nada menos!
Tenho esperando a sua vez Laços de família da tua admirada. Agora estou rematando uns contos de Mia Couto.
Um saúdo e seguimos falando!

Aline Erika disse...

Que interessante!!!
Estou meio sumida, até meu blog está desatualizado...
Um abraço para você...
Logo, logo passo no seu blog...