terça-feira, fevereiro 28, 2006



Os confetes e as serpentinas estão no fim, depois de amanhã os pierrôs voltarão a ser pessoas "comuns". Será hora de tirar a máscara e enxergar as cores pastéis da vida real, o luxo que dará lugar ao lixo.
Para encerrar este último dia de festa momesca vou deixar mais um poema do livro Carnaval de Manuel Bandeira.
A CANÇÃO DAS LÁGRIMAS DE PIERROT
I
A sala em espelhos brilha
Com lustres de dez mil velas.
Miríades de rodelas
Multicores - maravilha! - Torvelhinham no ar que alaga
O cloretilo e se toma
Daquele mesclado aroma
De carnes e de bisnaga.
E rodam mais que confete,
Em farândolas quebradas, cabeças desassisadas
Por Colombina ou Pierrete
II
Pierrot entra em salto súbito.
Upa! Que força o levanta?
E enquanto a turba se espanta,
Ei-lo se roja em decúbito.
A tez, antes melancólica, Brilha.
A cara careteia.
Canta.
Toca.
E com tal veia, com tanta paixão diabólica,
Tanta, que se lhe ensangüentam
Os dedos.
Fibra por fibra,
Toda a sua essência vibra
Nas cordas que se arrebentam.
III
Seu alaúde de plátano
Milagre é que não se quebre.
E a sua fronte arde em febre,
Ai dele! e os cuidados matam-no.
Ai dele! e essa alegria,
Aquelas canções, aquele
Surto não é mais, ai dele!
Do que uma imensa ironia.
Fazendo à cantiga louca
Dolorido contracanto,
Por dentro borbulha o pranto
Como outra voz de outra boca:
IV
- "Negaste a pele macia
À minha linda paixão
E irás entregá-la um dia
Aos feios vermes do chão...
"Fiz por ver se te podia Amolecer - e não pude!
Em vão pela noite fria
Devasto o meu alaúde...
"Minha paz, minha alegria, Minha coragem, roubaste-mas...
E hoje a minh'alma sombria
É como um poço de lástimas..."
V
Corre após a amada esquiva.
Procura o precário ensejo
De matar o seu desejo
Numa carícia furtiva.
E encontrando-o Colombina,
Se lhe dá, lesta, socapa,
Em vez de beijo um tapa,
O pobre rosto ilumina-se-lhe!
Ele que estava de rastros,
Pula, e tão alto se eleva,
Como se fosse na treva
Romper a esfera dos astros!...

domingo, fevereiro 26, 2006


Nossa Senhora Da Paz
Cordel Do Fogo Encantado
Composição: Lirinha
Nossa Senhora da Paz
A bailarina do circo
Vem beijar a pele da cidade
As feridas
Os jardins
A pressão
O motor
Nossa Senhora dos Sonhos
A trapezista do circo
Venha descansar na minha cama
Traga toda luz que há no céu
Traga toda luz que há no chão
Leva meu atalho e minha sorte
No movimento da rua

sábado, fevereiro 25, 2006

O carnaval é um feriado interminável para aqueles que moram em Brasília e permenecem nela durante este período.
Para "celebrar" esta data vou deixar um poema do Manuel Bandeira do seu livro Carnaval escrito em 1919.

Epílogo

Eu quis um dia, como Schumann, compor
Um carnaval todo subejtivo:
Um carnaval em que só o motivo
Fosse o meu próprio ser interior...

Quando acabei- a diferença que havia!
O de Schumann é um poema cheio de amor,
E de frescura, e de mocidade...
E o meu tinha a morta morta-cor
Da senilidade e da amargura...
- O meu Carnaval sem nenhuma alegria!....

Aproveitem bem as festas e curtam com responsabilidade!!!


sexta-feira, fevereiro 24, 2006


Hoje é o dia de começar a jogar confete e serpentina. Não sou muito fã do carnaval, aqui em Brasília é tudo bem vazio, nesta época as pessoas fogem para outros estados. Gostaria de ver o carnaval de Pernambuco com seus frevos e maracatus.

Noite dos Mascarados

Chico Buarque

Composição: Chico Buarque

Quem é você, adivinha se gosta de mim
Hoje os dois mascarados procuram os seus namorados perguntando assim
Quem é você, diga logo que eu quero saber o seu jogo
Que eu quero morrer no seu bloco, que eu quero me arder no seu fogo
Eu sou seresteiro, poeta e cantor
O meu tempo inteiro só zombo do amor
Eu tenho um pandeiro, só quero um violão
Eu nado em dinheiro, não tenho um tostão
Fui porta-estandarte, não sei mais dançar
Eu, modéstia à parte, nasci prá sambar
Eu sou tão menina, meu tempo passou
Eu sou colombina, eu sou pierrô

Mas é carnaval, não me diga mais quem é você
Amanhã tudo volta ao normal, deixa a festa acabar, deixa o barco correr
Deixa o dia raiar que hoje eu sou da maneira que você me quer
O que você pedir eu lhe dou, seja você quem for
Seja o que Deus quiser

terça-feira, fevereiro 21, 2006


É incrível como vivemos representando e somos manipulados por nossos desejos. Vivemos na sociedade do espetáculo, informações transitam em segundos e um selinho transforma uma fã em celebridade instantânea. Não sei se devemos rir ou chorar com tamanha sandice, é tudo artificial e falso. Não quero tirar o mérito da fã, não sou tão fã assim da banda, mas precisamos ver o quanto espetacularizamos as situações, temos deuses, transformamos humanos em deuses, em seres idolatrados e inatingíveis sem pensar que de certa forma somos iguais e que cada um é deus de sua história.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006


O Palhaço Do Circo Sem Futuro

Cordel Do Fogo Encantado

Composição: Lirinha

Sou palhaço do circo sem futuro um sorriso pintado a noiteinteira
O cinema do fogo numa tarde embalada de poeira
Circo pegando fogo

Palhaçada

Sou palhaço do circo sem futuro um sorriso pintado a noiteinteira
O cinema do fogo numa tarde embalada de poeira
Circo pegando fogo

Palhaçada

E a lona rasgada no alto
No globo os artistas da morte
E essa tragédia que é viver e essa tragé dia
Tanto amor que fere e cansa



sábado, fevereiro 18, 2006


Estou lendo um livro de Pierre Bourdieu "A Dominação Masculina", o livro começa com um assunto que eu já havia levantado algumas questões como : o domínio masculino marcado na língua. Palavras, expressões, categorias que depreciam o feminino em relação ao masculino. Ao homem cabe possuir, a mulher cabe ser possuída. À mulher sempre é dado o castigo e o motivo do "desvio". Vivemos sobre a sombra do homem e nossa competência é medida pelo olhar dele, apesar das conquistas muitas coisas ainda precisam ser vistas para termos um tratamento realmente igual. É preciso que os homens respeitem a luta da mulher pela igualdade, pois, querer ser igual não significa dizer que queremos ser eles , apenas queremos ser vistas sem estereótipos.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006




Impulsos
Pulsos
Mãos
Vontade
Desejo Sem fim, sem final
Impulsos
Sem pulso
Ofegante
Beijos, mãos, beijos, afago
Vontade
Só vontade
Mais vontade
À vontade
Explosão
02/01/2004 by Clarice Orwell


Nossa vida sempre é cheia de caminhos, quando optamos por um temos que assumir todas suas consequências, isso não significa que não podemos mudar nosso caminho, mas é preciso ponderar, colocar na balança nossos sentimentos e avaliar se vale a pena ou não.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006


Ontem foi um dos dias mais importante da minha vida, Ontem foi minha colação da grau, uma etapa foi encerrada agora vamos partir para outras, agora tenho um diploma e muitos planos para tentar realizar, foram quatro anos e meio de muito suor, riso e lágrimas, quantas vezes não entrei em despero com as pesquisas e monografias para entregar, fiquei estudando feito uma louca para apresentar um seminário, fui escrachada por alguns professores e elogiada por outros. Agora com minha licenciatura em Letras - Português do Brasil como Segunda Língua vou ter q pensar o que vou fazer da vida.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Estou super cansada, hoje fiquei plantada numa escola das 7 da manhã até 5 da tarde para conseguir transferir minha irmã , primeiro passei por uma cansativa fila para conseguir uma senha, depois mais espera para ser atendida, fui almoçar, quando voltei mais espera, quando finalmente consigo ser atendida falta um documento, vou na outra escola buscar, chego lá e não consigo entrar, alegam que a secretaria está lotada e pedem para voltar amanhã, fico indignada, vou reclamar na Regional (Superintendência que trata dos assuntos educacionais no Distrito Federal), volto na escola, pego a "bendita" da declaração e consigo finalmente efetivar a matrícula.
Isso é um pequeno exemplo da humilhação pela qual os brasileiros precisam passar para conseguir terminar uma fase de estudos.
A falta de informação e de consideração pelas pessoas aumentam o descaso com que somos tratados nos órgãos públicos do Distrito Federal, as pessoas que pagamos para nos atender esquecem disso e sentem que estão nos prestando um favor com sua má vontade, quando alguém abre o verbo e denuncia é tratado com descaso e chacota.
Como cantava nosso poeta Renato Russo : " Que país é este?"


sábado, fevereiro 11, 2006


Hoje estou meio entediada com a minha vida, fiquei tão distante das pessoas que é como se não mais as conhecesse.
Quero sair e ficar em casa ao mesmo tempo, quando fico em casa tenho vontade de sair e quando saio fico entediada e quero voltar.
Acho que estou ficando velha, ranzinza e sem ânimo.
É tédio com um T bem grande pra você.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006



São tantos caminhos para seguir, é díficil saber qual pode ser melhor para o futuro, estou um pouco chateada, depois de tanta ralação o resultado foi zero.
Acho que cair faz parte da caminhada, mas cair tanto assim será que é natural??
Não sei talvez esteja fazendo tudo errado ou não estou dando o melhor de mim, digo e repito para mim mesma: você tem que se esforçar mais, tem que estudar mais.
Mas, não consigo ficar horas estudando a fio, admiro quem faz isso.
Deixa pra lá!!
Vou seguindo quem sabe onde esta estrada vai dar??

terça-feira, fevereiro 07, 2006


Ontem terminei de ler "Confissão de Lúcio" de Mário de Sá-carneiro, é a primeira vez que leio uma obra em prosa dele, pois, ele é bastante conhecido por seus poemas, a história se passa entre Lisboa e Paris no final do século XIX, início do século XX.
Lúcio é um escritor que frequenta o meio intelectual de Paris, por meio de seu amigo Gervásio Vila-Nova conhece o poeta Ricardo Loureiro, tornam-se muito próximos, até que um dia Ricardo volta para Lisboa e casa-se, pouco tempo depois Lúcio também volta para Lisboa e retoma sua amizade com Ricardo e também com sua mulher Marta.
É a partir daí que o drama torna-se mais intenso e culmina na morte de Ricardo e no desaparecimemto de sua mulher, Lúcio é acusado pelo crime, é preso e cumpre 10 anos de reclusão, depois desde tempo ele resolve confessar tudo que realmente aconteceu.
O livro traz uma densa descrição das relações humanas, as amizades e hipocrisias da burguesia da época, relações superficiais em que por mais íntimo que vc se torne de uma pessoa nunca sabe quem realmente ela é.
Há uma discussão sobre sexualidade, a busca por uma identidade e uma aceitação.
Vou parar por aqui antes que desvende o mistério que cerca a confissão de Lúcio, recomendo que todos leiam.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Atenção galera do Distrito Federal!!




Planfleto do Show que será realizado dia 11/02/2006 em Planaltina/DF na sede da rádio comunitária Utopia FM.

domingo, fevereiro 05, 2006


O mundo gira e eu continuo parada!!
Esta idéia é muito desagradável, os dias vão passando e eu não faço nada, nada acontece, minhas idéias vão se confundindo mais e muitas coisas vão passando pela minha cabeça ao mesmo tempo.
Às vezes penso que estou ficando paranóica, mas aí lembro que sempre fui assim, então nasci paranóica??
Sim pode ser uma resposta válida.
Para entender um pouco o que acontece comigo é bom que eu diga que não consigo pensar em somente uma coisa, antes de terminar meu pensamento outra idéia aparece, assim é na minha cabeça e nas minhas atitudes, posso conversar com vc e lembrar de muitas coisas e falar sobre elas sem terminar meu primeiro racíocinio.
Difícil entender, pois é nem eu consigo!!

sábado, fevereiro 04, 2006





Brasil
Cazuza
Composição: Cazuza / Nilo Roméro / George Israel


Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer
Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha
BrasilMostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assimBrasil
Qual é o teu negócio?O nome do teu sócio?
Confia em mim
Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer
Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim?
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada pra só dizer "sim, sim"
BrasilMostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assimBrasil
Qual é o teu negócio?O nome do teu sócio?
Confia em mim
Grande pátria desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair (Não vou te trair)
Hoje vi o último show do Cazuza, ele já estava em estado terminal, fiquei admirada com sua força em demonstrar esperança na vida, apesar de tudo.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006



Acordei com saudade, mas não sei definir de que especificamente, talvez de nada e de tudo, de pessoas e situações, tenho a sensação que o tempo passa rápido demais...
O hoje vira o ontem com muita violência e sem ver, o amanhã já é hoje sem ao menos mudar o dia...
Tanta Saudade
Ana Carolina e Seu Jorge
Composição: Chico B. e Djavan

Era tanta saudade
É , pra matar
Eu fiquei até doente
Eu fiquei até doente, menina
Se eu ficar na saudade
É , deixa estar
Saudade mata a gente
Saudade mata a gente, menina
Quis saber o que é o desejo
De onde ele vem
Fui até o centro da terra
E é mais além
Procurei uma saída
O amor não tem
Estava ficando louco
Louco, louco de querer bem
Yeah, tum tum tum, tumtumtumtum, yeah...
Mas restou a saudade
É , pra ficar
Ai, eu encarei de frente
Ai, eu encarei de frente, menina
Se eu ficar na saudade
E deixarSaudade engole a gente
Saudade engole a gente, menina
Quis saber o que é o desejo
De onde ele vem
Fui até o centro da terra
E é bem mais além
Procurei uma saída
O amor não tem
Estava ficando loucoLouco, louco de querer bem
Quis chegar até o limite
De uma paixão
Baldear o oceano
Com a minha mão
Encontrar o sal da vida
E a solidão
Esgotar o apetite
Todo o apetite do coração
Tum tum tum, tumtumtumtum, yeah...
Ai, amor, miragem minha, minha linha do horizonte, é monte atrás de monte, é monte, a fonte nunca mais que seca
Ai, saudade, inda sou moço, aquele poço não tem fundo, é um mundo e dentroum mundo e dentro é um mundo que me leva...
Yeah, tum tum tum, tumtumtumtum, yeah...

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Parabéns!!!!!!!


Uma Homenagem a minha irmãzinha que faz 14 anos hoje!
A maior fã da Pitty que eu conheço.

Pitty - Anacrônico
by Pitty
É claro que somos as mesmas pessoas
Mas pare e perceba como seu dia-a-dia mudou
Mudaram os horários, hábitos, lugaresInclusive as pessoas ao redor
São outros rostos, outras vozes
Interagindo e modificando você
E aí surgem novos valores
Vindos de outras vontades
Alguns caindo por terra
Pra outros poderem crescer
Caem 1, 2, 3, caem 4
A terra girando não se pode parar
Outras situações em outras circunstâncias
Entre uma e outras vezes se vêem os mesmos defeitos
Todas aquelas marcas do jeito de cada um
Alguns ainda caem por terra
Pra outros poderem crescer
Outro ciclo em diferentes fases
Vivendo de outra forma
Com outros interesses, outras ambições
Mais fortes, somadas com as anteriores
Mudança de prioridades
Mudança de direção
Alguns ainda caem por terra
Pra outros poderem crescer




Acordei encucada com as relações humanas, não só a relação amorosa como as relações de amizade, sinto que as pessoas estão mais confusas com seus sentimentos, não sabem o que querem nem o que procuram, muitas vezes tentam tapar um buraco cavando outro e assim ao invés de criar soluções aumentam os problemas.
As relações estão cada vez mais superficiais, longe de mim fazer discursos moralistas (detesto moralismo), mas está tudo ficando banal e sem significado.
Muitos pregam a liberdade sexual com aquele discurso " Não podemos nos prender a uma só pessoa" ou "O ser humano não é essencialmente monogâmico", porém estão procurando uma relação estável e não aceitam que o parceiro viva sua "liberdade".
Talvez muitas pessoas achem que isso é um arcaismo da minha parte, não é não, infelizmente basta olhar para o lado ou para você mesmo para ver que isso acontece e que muitas vezes assumimos um discurso que não é nosso por medo de nos expor.
Tudo é delírio e devaneio.......

quarta-feira, fevereiro 01, 2006


Muitas vezes fico farta do mundo, são horas em que o mundo me enche o saco e os mortos ressuscitam, parecem zumbis de filme barato surgem do nada para estragar o resta do meu humor.
Hoje isso aconteceu, é difícil não me dar bem com as pessoas, tento ser uma pessoa simpática com todos, tento confiar em todos, as pessoas que não gosto conto nos dedos, são muito poucas, mas estas poucas tem um motivo muito forte para eu não gostar, são aquelas que aprontaram comigo ou com algum amigo querido.
Este zumbi que saiu do túmulo era alguém que eu considerava, uma pessoa que teve a oportunidade de conviver com as melhores pessoas que conheço e jogou isso no lixo, não gosto de odiar, considero este sentimento mesquinho mas, este morto-vivo desperta isso em mim e é por isso que não consigo perdoá-lo, não gosto de sentir o que me faz mal.
Consegui terminar de fazer o artigo, só falta dar uma revisada!!!
Chover (ou invocação Para Um Dia Líquido)
(Letra: Lirinha e Clayton Barros; Música: Clayton Barros)
O sabiá no sertão
Quando canta me comove
Passa três meses cantando
E sem cantar passa nove
Porque tem a obrigação
De só cantar quando chove*
Chover chover
Valei-me Ciço o que posso fazer
Chover chover
Um terço pesado pra chuva desce
rChover chover
Até Maria deixou de moer
Chover chover
Banzo Batista, bagaço e banguê
Chover chover
Cego Aderaldo peleja pra ver
Chover chover
Já que meu olho cansou de chover
Chover chover
Até Maria deixou de moer
Chover chover
Banzo Batista, bagaço e banguê
Meu povo não vá simbora
Pela Itapemirim
Pois mesmo perto do fim
Nosso serão tem melhora
O céu tá calado agora
Mais vai dar cada trovão
De escapulir torrão
De paredão de tapera**
Bombo trovejou a chuva choveu
Choveu choveu
Lula Calixto virando Mateus
Chover chover
O bucho cheio de tudo que deu
Chover chover
Suor e canseira depois que comeu
Chover chover
Zabumba zunindo no colo de Deus
Chover chover
Inácio e Romano meu verso e o teu
Chover choverÁgua dos olhos que a seca bebeu
Quando chove no sertão
O sol deita e a água rola
O sapo vomita espuma
Onde um boi pisa se atola
E a fartura esconde o saco
Que a fome pedia esmola**
Seu boiadeiro por aqui choveu
Seu boiadeiro por aqui choveu
Choveu que amarrotou
Foi tanta água que meu boi nadou***

*Zé Bernardinho**João Paraíbano***Toque pra boiadeiroLirinha: pandeiro e vozClayton Barros: violões e vozEmerson Calado: surdo e vozNego Henrique: congas, gonguê, ilu e vozRafa Almeida: gonguê, bombo de macaíba e vozparticipações especiais: Dona Mira, Janediva, Sandra Pimentel, Conceição dos Prazeres, Kiko Klaus, Guty e Joaquim FelipeNaná Vasconcelos - efeitos percussivos