sexta-feira, julho 28, 2006


Ultimamente a coisas andam de uma maneira plácida...
O mar está calmo e de navegação tranquila, pelo menoes consegui tempo para aprender a tricotar e ler um bom livro, coisas que não achava tempo para fazer.
Esta semana comecei a ler "Amar, verbo intransitivo" do escritor modernista brasileiro Mário de Andrade, o enredo trata sobre um senhor burguês que contrata uma governanta alemã para ensinar a arte do amor ao seu filho mais velho. Daí começamos a postular perguntas sobre o que seria o amor? Como alguém ganha a vida ensinando-o?
Porém estas são perguntas superficiais sobre a obra que aprofundasse bem mais isso.
Deixo para vocês um soneto do escritor, para instigar a curiosidade de conhecer sua obra.

Aceitarás o amor como eu o encaro ?...
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.

Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.

Que grandeza... a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições.
O encanto Que nasce das adorações serenas.

terça-feira, julho 18, 2006


Viver, amar, sofrer
E assim caminha a humanidade....

domingo, julho 16, 2006



Vou deixar aqui a letra da música da semana.
É uma música do Cordel do Fogo Encantado, um grupo de música regional pernambucana, esta música faz parte da trilha sonora do filme nacional "Lisbela e o Prisioneiro"

Amor É Filme
Cordel Do Fogo Encantado
Composição: Lirinha
O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica
O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica
Um belo dia a agente acorda e hum...
Um filme passou por a gente e parece que já se anunciou o episódio dois
É quando a gente sente o amor se abuletar na gente tudo acabou bem,
Agora o que vem depois
O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica
É quando as emoções viram luz, e sombras e sons, movimentos
E o mundo todo vira nós dois,
Dois corações bandidos
Enquanto uma canção de amor persegue o sentimento
O Zoom in dá ré e sobem os créditos
O amor é filme e Deus espectador!

quarta-feira, julho 12, 2006

Este é um poema de Manuel Bandeira (para saber mais sobre o poeta clique sobre o nome), um grande poeta modernista, é um tipo de poesia narrativa, uma poesia com enredo e cenas, mas nem toda sua obra é assim.

O Inútil Luar

É noite.
A Lua, ardente e terna,
Verte na solidão sombria
A sua imensa, a sua eterna
Melancolia . . .
Dormem as sombras na alameda
Ao longo do ermo Piabanha.
E dele um ruído vem de seda
Que se amarfanha . . .
No largo, sob os jambolanos,
Procuro a sombra embalsamada.
(Noite, consolo dos humanos! Sombra sagrada!)
Um velho senta-se ao meu lado.
Medita.
Há no seu rosto uma ânsia . . .
Talvez se lembre aqui, coitado!
De sua infância.
Ei-lo que saca de um papel . . .
Dobra-o direito, ajusta as pontas,
E pensativo, a olhar o anel,
Faz umas contas . . .
Com outro moço que se cala,
Fala um de compleição raquítica.
Presto atenção ao que ele fala:
— É de política.
Adiante uma senhora magra,
Em ampla charpa que a modela,
Lembra uma estátua de Tanagra.
E, junto dela,
Outra a entretém, a conversar:
— "Mamãe não avisou se vinha. Se ela vier, mando matar Uma galinha."
E embalde a Lua, ardente e terna,
Verte na solidão sombria
A sua imensa, a sua eterna
Melancolia . . .

sábado, julho 01, 2006


Hoje vou deixar para vocês um poema de Álvaro de Campos, um dos heterônimos do Fernando Pessoa, é um poema existencial, gosto muito desses tipos de poemas, gosto de me sentir tocada pelo poema, o que mais me satisfaz é ler um poema que dialoga comigo e isso sempre acontece quando leio Álvaro de Campos.

Não sei.
Falta-me um sentido, um tacto
Para a vida, para o amor, para a glória...
Para que serve qualquer história,
Ou qualquer facto?
Estou só, só como ninguém ainda esteve,
Oco dentro de mim, sem depois nem antes.
Parece que passam sem ver-me os instantes
Mas passam sem que o seu passo seja leve.
Começo o ler, mas cansa-me o que inda não li.
Quero pensar, mas dói-me o que irei concluir.
O sonho pesa-me antes de o ter.
Sentir
É tudo uma coisa como qualquer coisa que já vi.
Não ser nada, ser uma figura de romance,
Sem vida, sem morte material, uma ideia,
Qualquer coisa que nada tornasse útil ou feia,
Uma sombra num chão irreal, um sonho num transe.
01/03/1917 Álvaro de Campos